Notícia
Um dos principais programas de igualdade racial do país
Na véspera do Dia da Consciência Negra, a Águas do Rio apresentou o comitê do “Respeito dá o Tom”, programa de diversidade da concessionária que estimula a participação de profissionais que se autodeclaram negros e pardos em todos os processos seletivos. Composto por 15 pessoas, o grupo fica responsável por debater o tema racial e ampliar iniciativas exitosas como a parceria com a startup Comunidade Empodera, que ajudou a empresa a atingir até o momento 40% de funcionários negros no seu quadro. Os representantes foram apresentados durante uma roda de conversa para marcar o dia 20 de novembro.
“A nossa meta é que a Águas do Rio reflita a diversidade do nosso estado. Estamos caminhando, mas ainda temos um longo caminho pela frente. A igualdade social não é uma corrida de 100 metros, mas uma maratona”, afirmou Josélio Alves Raymundo, diretor operacional da Águas do Rio e coordenador do Respeito dá o Tom, implementado pela Aegea em todas as concessionárias do grupo de saneamento. O projeto atua de acordo com o objetivo 10 da agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata sobre a redução da desigualdade racial no mercado de trabalho.
O principal convidado para a roda de conversa foi o fundador do Comunidade Empodera, Leizer Vaz Pereira, que falou sobre sua startup da área de RH focada em diversidade. Durante sua palestra, o empresário falou sobre racismo estrutural no setor privado e estimulou a reflexão entre os funcionários da empresa. A ação foi a primeira de muitas que serão promovidas pelo comitê de igualdade social da Águas do Rio.
“Essa é uma data de reflexão sobre o racismo. Foram 350 anos de escravidão e outros 130 de exclusão. Se não fizermos nada serão outros 100 anos sem pessoas negras em cargos de chefia. Os valores da diversidade e inclusão devem virar um propósito da empresa. Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, afirmou o empresário.
Em sua fala, Leizer lembrou que o Rio de Janeiro possui 700 favelas e milhões de moradores em comunidades, muitos deles clientes da Águas do Rio, sendo 70% de pessoas negras.
“Para a empresa, falar sobre raça é falar sobre seus clientes. É preciso ouvi-los. O racismo estruturante aponta o dedo para uma pessoa negra e diz que ela é inferior, submissa, subalterna e não confiável. Essa expectativa de que a pessoa negra não vai entregar um bom resultado, afeta o gestor na hora de selecionar. Só evoluímos como sociedade quando promovemos essa conversa desconfortável”, disse Leizeer.
Comitê antirracista
A analista de responsabilidade social da Águas do Rio, Waleska Maria dos Santos, 41 anos, é uma das participantes do comitê, que será responsável por capacitações internas sobre o tema e pelo planejamento de ações em prol da diversidade. Desde que lançou o programa “Respeito dá o Tom”, há quatro anos, a Aegea já implementou 14 comitês em concessionárias de água e esgoto espalhadas pelo Brasil.
“Não basta somente inserir pessoas pretas na empresa, precisamos proporcionar um debate sobre a diversidade. Além disso, gosto de ser quem eu sou, com minhas tranças, meu black. Há anos atrás se falava em ‘boa aparência’, que era um código para usar o cabelo liso. Ir para uma entrevista de emprego e se sentir confortável, sem medo que isso vai te prejudicar é muito bom. Quero fazer parte disso e que possamos servir de exemplo para outras empresas”, afirma.
Respeito dá o Tom
O Programa da Aegea Saneamento foi reconhecido pelo Instituto identidades do Brasil (ID_BR) como um dos principais programas de igualdade racial do país, sendo certificado com o Selo “Sim à Igualdade Racial”. A certificação significa que a empresa se compromete em realizar ações afirmativas voltadas à equidade racial em todas as suas unidades.
O programa possui três pilares de atuação: empregabilidade, que foca na geração de oportunidades; desenvolvimento, que trabalha a disponibilização de cursos de aprimoramento; e relacionamento, que atua na sensibilização por meio de atividades e ações para disseminação de conteúdo relacionados à questão racial a todos os colaboradores, além de parcerias e participação em iniciativas empresariais externas para fomentar a questão.
Em 2021, de acordo com a recente pesquisa realizada pela área de Recursos Humanos da Aegea, foi constatado que 54% dos supervisores da empresa se autodeclaram negros. Entre os trainees, o percentual chega a 43%. Ao todo, a Aegea possui 61,90% de seus funcionários autodeclarados como pretos ou pardos.