Notícia
Um dos principais cartões-postais da cidade registra avanço histórico na balneabilidade
Após anos sem um único dia próprio para banho, a Praia de Botafogo voltou a apresentar índices positivos de balneabilidade, segundo análises recentes do Inea (Instituto Estadual do Ambiente). O resultado marca uma virada histórica para um dos cartões-postais mais emblemáticos da Zona Sul carioca, que por anos figurou como um ponto crítico de toda a cidade.
Essa transformação não aconteceu por acaso. Desde 2021, a Águas do Rio vem realizando um conjunto de intervenções que começam a refletir na qualidade da água. Uma das mais importantes foi a limpeza completa do Interceptor Oceânico, túnel de 9 km responsável por captar a maior parte do esgoto da Zona Sul e levá-lo até o Emissário Submarino de Ipanema. Pela primeira vez em 52 anos, ele foi desobstruído, com a retirada de 3 mil toneladas de resíduos.
Com a capacidade plena do Interceptor Oceânico restabelecida, rios que antes despejavam esgoto diretamente na enseada, como o Banana Podre e o Berquó, foram desviados para o coletor e agora têm destinação adequada. Outro marco foi a instalação da nova estação elevatória da Praça do Índio, no Flamengo, que envia cerca de 50 litros por segundo de esgoto para tratamento. Esse conjunto de obras reduziu de forma significativa a carga poluidora que chegava à praia, sobretudo em dias de chuva. O impacto é expressivo: aproximadamente 200 mil litros de esgoto por dia deixaram de atingir a orla de Botafogo — volume que equivale a 80 caminhões-pipa cheios.

O reflexo já aparece nos relatórios do Inea. A praia, que durante décadas esteve zerada nos boletins, agora apresenta 9% de balneabilidade. Ainda que o número pareça pequeno, representa um avanço inédito e a abertura de uma nova perspectiva para a recuperação desse espaço simbólico do Rio.
Para Renan Mendonça, diretor executivo da concessionária que integra o grupo Aegea, os resultados mostram a força da transformação em curso: “Ver Botafogo voltar a ter dias próprios para banho mostra que estamos no caminho certo. Cada ligação clandestina eliminada e cada litro de esgoto desviado da baía fazem diferença. O saneamento transforma não só o meio ambiente, mas também a vida das pessoas.”
Esse avanço em Botafogo integra um conjunto maior de ações em toda a cidade. Hoje, mais de 103 milhões de litros de água contaminada deixam de chegar diariamente à Baía de Guanabara — o equivalente a 41 piscinas olímpicas de poluentes interceptados antes de atingir o mar. Esse volume é tratado e devolvido de forma segura ao ambiente, beneficiando também praias como Flamengo, Urca e as de Paquetá.
